EPÍLOGO
Parecia que eu havia dormido apenas alguns minutos antes de ouvir o som distante de uma porta abrindo vagarosamente. Tateei a cama para encontrar apenas o vazio. Eu estava sozinha. Virei-me com dificuldade, tentando talvez me convencer de que não havia barulho nenhum, e que eu poderia dormir mais um pouco.
- Ela está dormindo? Papai, acho que ela ainda tá dormindo.
Silêncio. Abri os olhos lentamente e sentei-me na cama com uma certa dificuldade.
- Bom dia, mãe!
Eddie sentou-se ao meu lado, enquanto Rony colocava a bandeja com o café da manhã descuidadamente sobre a cama.
- Eu não me acostumo com esse feitiço. Parece tão simples, mas não consigo deixar de derramar suco todas as vezes que tento colocar a bandeja da forma correta.
- São duas batidas leves para a direita, Rony, não o contrário. Desse jeito, certamente vai derramar tudo. Bom dia Eddie – eu disse, me virando para dar-lhe um longo abraço. Seu rosto estava gelado, e somente então percebi que ele estava vermelho e havia alguns flocos de neve em seu casaco.
- Eddie. Pode nos dar licença um minuto, querido? Preciso conversar com seu pai.
Rony deu a volta na cama, como se procurasse ficar o mais afastado de mim quanto fosse possível. Eddie piscou para o pai, e saiu do quarto obedientemente. Eu servi um pouco de suco, e então comecei a falar.
- Ron, quantas vezes vou ter que dizer que não quero Eddie voando antes que ele entre em Hogwarts?
- Como você espera que ele seja um bom jogador se não começar cedo?
- Entre Eddie ser um bom jogador e permanecer saudável na infância, eu considero a segunda possibilidade a mais acertada, Rony.
- Ou talvez você pense que eu não sou bom o suficiente para ensinar meu filho a voar!
Não pude evitar um sorriso. Eu já tinha vivenciado essa mesma discussão, embora em um passado um tanto distante e incerto.
- Não Ronald. Não foi isso que eu quis dizer. – No momento que ele ameaçou abrir a boca para continuar a discussão, acrescentei: - E também não acho que você seja burro. E não adianta fazer essa cara, pois era exatamente isso que você ia dizer.
Rony abriu a boca para dizer algo, mas mudou de idéia e a fechou. Sorri novamente.
- Agora, se eu achasse que você não tem capacidade suficiente para cuidar de um filho meu, eu não teria escolhido tê-lo com você. Porque são nossas escolhas que determinam o rumo de nossas vidas, Rony. E eu escolhi você.
- Sabe... – ele finalmente falou – eu não acreditei em meus olhos quando te vi na final da Copa de Quadribol na Rússia.
- E nem eu acreditei que estivesse lá!
Ele deve ter pensado que agora era seguro se aproximar de mim, pois levantou-se e deu a volta na cama, sentando-se a meu lado.
- Deve ter sido uma decisão difícil, Hermione. Abandonar seu cargo em Hogwarts para...
- Para abrir uma livraria no Beco Diagonal que é um sucesso? Na verdade não, Rony. Ensinar magia, transmitir conhecimentos é algo maravilhoso... Mas posso fazer isso com Eddie, não posso? E com Diana também, quando ela nascer...
Ele acariciou minha barriga, enorme por conta do estado avançado da gravidez. Diana nasceria dentro de dois meses.
- Mesmo assim... Eu me pergunto se você não pode se arrepender algum...
- Shh! – coloquei um dedo sobre seus lábios. – Não vou me arrepender, Rony. –E então o abracei, com a pouca agilidade que minha barriga me permitia.
Olhando para o criado-mudo ao lado de nossa cama, havia um porta-retrato. Rony, eu e Eddie. Sorrindo e acenando. E a pequena Diana em minha barriga. Fechei os olhos, satisfeita. Finalmente, éramos uma família de verdade.