AN: Oi a todos mais uma vez! Desculpa a demora, mas foram umas difíceis duas semanas... Vamos ver se as próximas serão melhores...

Quanto a fic, resolvi fazer uma mudança. Vi que o número de reviews vem diminuindo muito e isso vem me desencorajando. Eu sei que não tenho postado muito regularmente (nada regularmente, na verdade), mas com todos os problemas de saúde que venho tendo eu me esforcei a traduzir o último capítulo de 75 páginas e tive muitas poucas reviews... e isso me desencorajou porque parece que não estão gostando da fic, então eu estou perdendo o meu tempo traduzindo tanto para não ter retorno...

Mas conversando com algumas leitoras, me disseram que talvez o motivo seja que os capítulos estão muito grandes e que quando acabam de ler já estão cansadas e não apertam o botão do review. Então eu vou fazer algo diferente de agora em diante. Vou postar os capítulos em partes menores.

Acho que isso vai ser bom porque teremos capítulos mais regularmente, pois assim que eu acabar de traduzir um certo número de páginas eu postarei, e não deve cansar tanto os leitores. Então estou deixando os capítulos no tamanho dos capítulos da minha outra fic PTE (que está sendo escrita agora mesmo).

Bom, espero que gostem e que aprovem esta nova idéia!

E por último, mas não menos importante, uma salva de palmas a minha nova Beta, Maria Lua! Ela está fazendo um excelente trabalho e com certeza pegou muitos errinhos nestas páginas. Obrigada, Maria Lua!


A Cada Outra Meia-Noite

Capítulo 67 – No Qual um Assassinato é Meditado – Parte 1

"Ele era um Comensal. Da. Morte!" ele ruge de repente. "As vezes eu acho que você não entende o que isso realmente significa! Comensais da Morte não mudam! Talvez ele tenha sido levado pela dor, talvez pela loucura, mas provavelmente pelo medo, mas só porque ele desertou, isso não faz dele uma boa pessoa. Pára de ter esperanças, Lily. Uma vez Comensal da Morte, sempre um Comensal da Morte. Então simplesmente... pára."

James, depois de passar um tempo muito longo em um ataque de raiva mental, finalmente se acalma o suficiente para pensar na situação, se não objetivamente pelo menos logicamente. Ele odeia isso, mas tem que se perguntar se Lily é ou não uma ameaça. É claro que ela não vai começar a atacar nascidos trouxas, mas será que a fraqueza dela pode ser mais do que só dolorosa para ele, e sim perigosa para todos? Será que Snape seria imune a barreira dela, se ela não o visse realmente como um inimigo? Será que ele, estando separado por quem fez as barreiras do castelo, seria capaz de penetrar? Será que a escola toda estaria em perigo de um ataque dele e somente dele? A história já demonstrou que Hogwarts tem um ponto cego. Aqueles que pertencem ao castelo (os alunos e professores) podem entrar, tendo a Marca ou não.

Mas ele percebe que Snape não é mais um aluno. O castelo não possui mais lealdade com ele. Não tem mais instinto em protegê-lo. O castelo de Hogwarts pode perceber o que ele é de verdade, mesmo que a Lily não possa.

Esta informação, embora devesse acalmá-lo, só o deixa mais infeliz. Várias idéias vergonhosas passam pela mente do James. Ele quer rolar e chacoalhar todas estas tolices de dentro dela, colocar um pouco de bom senso nela, e até mesmo considera obliviá-la, retirar qualquer lembrança que ela tenha do Snape, apagar qualquer traço dele na mente dela.

Mas um simples feitiço de memória não vai ser capaz de fazer isso. Snape já arriscou muito para salvar a vida dela. Ela está ligada ao Snape, como Snape está ligado a ela, mas não estão ligados magicamente. Não da forma que James é ligado ao Snape. Se ele soubesse como quebrar este tipo de ligação, ele teria libertado Snape disso há muito tempo, cortando qualquer relação com o homem. Mas isto é mais importante que a memória, mais profundo que a dívida, isto é algo mais forte ainda, e é irreversível. E o que é isso, é o que realmente o incomoda. Seria quase que um conforto se Lily tivesse uma dívida de vida com o homem. Mas ela não tem. Pelo simples motivo que o amor não mantém um livro de pontuação. A pessoa dá e se sacrifica livremente, sem esperar nada em retorno.

Isso dói. Ele fez o melhor que pode para ignorar até agora. Ver Snape libertar a Lily em Dover não foi tão ruim quanto ouvir Sirius falar para ele depois que ela ainda amava o homem. Que foi o fato que James o salvou do Remus que a levou até ele no final. Se ele não tivesse feito aquilo, será que ela teria ido até ele? Ou o Natal realmente teria sido o fim de tudo?

Ele deita de costa. Lily ainda está virada de costas para ele. Ele não consegue dizer se ela está dormindo ou não. Resignado, ele tem que admitir que ainda não existe solução para este problema. James já foi capaz de lidar com seus ciúmes, ou talvez desconforto seja uma palavra melhor, sobre a associação dela com muitas pessoas, começando muito antes com Sylvain Chevalier e John Michaels e mais recentemente com Remus, Sirius e Rupert. Ele pode sentir uma pontada daqueles sentimentos antigos de vez em quando, mas consegue colocá-los de lado porque ele conhece e entende os três homens alem de estar ciente da relação deles com a Lily. Ele sabe que não tem nada entre ela e o resto. Mas James não consegue nem imaginar como foi a infância dela, que lembranças eles compartilham, o que diabos pode ter formado uma ligação tão implacável que os faz, até os dias de hoje, leais um ao outro mesmo estando em lados completamente opostos na guerra. Esta devoção o devora por dentro. Assim como sua curiosidade. Ele gostaria de ter estado no Cabeça de Javali para ver o olhar no rosto dela quando ela o viu, ou a expressão no rosto dele quando a jogou no flú. O que ela pensou quando viu o Snape? Ela sentiu medo? Ficou confusa? Ou talvez um pouco feliz?

Toda a conexão é um mistério completo para ele. Ela conhece Snape desde os quatro anos de idade, muito antes dele vir para Hogwarts. Snape era amigo dela muito antes de ser seu inimigo. E isso foi a 14 anos atrás. Ela conhece o Snape há 14 anos. E ele a conheceu em Setembro. Esta é uma diferença enorme. Será que existe a possibilidade que, caso venha a ocorrer, dela escolher Snape em vez dele?

Não. Ele não acredita nisso. Por mais paranóico e pessimista que ele seja, ele não consegue imaginar isso. O bicho papão tinha a imagem dele. Ele é a pessoa mais importante na vida dela, por mais que ela conheça e ame qualquer outro. Ela o ama mais.

Ele se lembra do que ela disse para o Sirius quando ele brigou com ela. Ela disse que se arrependia de conhecer o Snape. Afinal, ela fez o melhor possível para mantê-lo escondido. Só é difícil porque ele continua a se intrometer na vida deles. Se o grande imbecil parasse de salvá-la, então talvez ela esquece--

Ele não pensou isso, não é? Não, isso foi um acidente. Ele não deseja de verdade que Snape não tivesse salvado a Lily. Lily mais alguns problemas (mesmo que sejam relacionados ao Snape) é infinitamente melhor do que não ter a Lily.

X

Lily está deitada acordada ao lado do James desacordado, imaginando por quanto tempo que ele vai ficar furioso com ela, por quanto tempo ele não vai mais estar com raiva ou com nojo de tocar nela, uma pessoa que o traiu por amar relutantemente um homem que representa tudo que ele odeia. Quantas noites serão como esta? Ou pior do que esse silêncio frio, será que ele vai ficar no quarto dele?

Ela não sabe como conseguiria lidar com isso. Ela nem mesmo sabe o que pode fazer para que ele a queira novamente. Tudo que ela pode fazer é falar que o ama, mas ele já sabe disso e isso não faz diferença nenhuma. Ele ainda está furioso.

Mas mesmo assim, ela também não pode se desculpar. Mesmo assim, ela ainda é uma traidorazinha. Severus saiu do caminho dele e se colocou em um risco considerável para salvá-la. Não fez isso uma vez só e sim várias. Depois de todos esses anos...

Dois anos, na verdade. Só faz dois anos que os pais dela foram assassinados. Com a exceção da Petúnia, ele é o amigo mais antigo dela, e até a dois anos atrás, seu amigo mais próximo depois do Rupert. Ou talvez eles possuíssem o mesmo lugar no coração dela, e somente no quinto ano que a divisão ficou mais clara.

Se Severus ainda se importa com ela para se arriscar tanto por ela, ela não vai trair este amor. Ela pode não ser capaz de mostrar, nem mesmo para o próprio Severus, mas ela vai deixar isso no coração dela. Protegido, escondido de todos aqueles que iriam desprezar isso.

James foi bem óbvio em não querer abraçá-la antes de adormecer, então quando ele a abraça inconscientemente por trás, isso só a machuca mais, porque ela sabe que ele realmente não quer fazer isso. Seu corpo adormecido está agindo por si só, fazendo precisamente o que ela gostaria que fizesse, mas o James não quer. Incapaz de aguentar, caso ele acorde durante a noite, e a empurre para longe em repugnância, ela se levanta para ir embora. Ela vai dormir no sofá, ou talvez nem durma, mas ela não pode ficar aqui.

Quando ela tenta sair da cama, o braço em volta dela a aperta, a impedindo de sair. Como que ela deseja que ele realmente se sentisse assim. Se ao menos ele estivesse acordado, tudo seria completamente diferente.

Gentilmente, ela tira as mãos dele das dela. 'Solta', ela diz, sabendo que seu sussurro baixo não vai ser ouvido.

Ela finalmente sai da cama e caminha para a sala de estar, sem se incomodar em reacender a lareira. Ela fica sentada olhando o fogo morrer.

X

Sirius olha desinteressadamente para o Profeta Diário.

"O que foi desta vez?" Remus pergunta, tendo saído do outro quarto. "Estão falando sobre ontem?"

Sirius olha para cima. O amigo dele ainda está vestindo as calças do pijama enquanto ele está completamente vestido para o dia de hoje, em uma das suas capas mais profissionais de corte fino e preta. "Não, ainda não." ele responde, colocando o jornal embaixo do braço para que o amigo não veja. "Estou saindo."

Remus olha para o prato de café da manhã intocado do Sirius, que ele acabou de preparar para si mesmo, mas não comenta nada. "Você sabe se vai voltar antes de meio dia? Precisa cuidar da poção."

"Devo estar de volta." ele responde curtamente e sai do aposento.

Ele sabe que ela vai querer conversar sobre isso, e se ele for honesto consigo mesmo, ele também quer.

.

Ele percebe que o Salão Principal não tem o mesmo ruído da época dele. Em vez de rugir é um zunido, zunindo como a atividade de várias abelhas sigilosas. James percebe a presença dele, do lugar dele na mesa dos professores, e vira a cabeça para o lado curiosamente. O auror se levanta, sem dúvida para vir até ele, mas Sirius levanta a mão para impedí-lo e balança o rosto. Lily está sentando com a presença constante do loiro ao lado dela, com os olhos passando pelo periódico. Vai levar pouco tempo para que ela...

Ela olha para cima, não para ele, mas para frente dela, para o garoto de cabelos marrons que está olhando para ela curiosamente, imaginando porque ele está encarando. Ela se levanta rapidamente, saindo do banco da Grifinória e se despede do Ferris. Ela está quase na frente das portas do salão principal quando ela o vê e pára, olhando para ele intensamente. Ele estica a mão para ela, com a palma para cima.

Lentamente, ela concorda e diminui a distância entre eles, segurando a mão dele e saem juntos do Salão Principal.

Eles caminham até a parte leste do terreno do castelo. Nenhum dos dois se senta em um dos inúmeros bancos. Em vez disso eles percorrem o caminho que os circulam. A árvore no centro está ali, nua, sem nenhuma folha, provendo nenhuma sombra. Não que eles precisem de uma, já que os céus ainda são fiéis a estação, completamente nublados.

"Não foi você não, certo?" ela diz depois de vários minutos de silêncio. "Diz que ele morreu pela maldição da morte, mas não foi na semana passada e sim três dias atrás. Você não o procurou de novo não, não é?" Pelo tom da voz dela, ele percebe que por baixo do tom tranquilo que ela utilizou, tem uma indicação de apreensão escondida.

"Não." ele responde.

"Mas você gostaria de ter ido?" ela pergunta logo depois.

Sirius passa os dedos pelos cabelos por um instante, postergando a resposta. "Eu acho que isso não importa." Bright está morto, e se foi a vingança de outra pessoa que acabou com ele em vez do próprio Sirius, isso não faz muita diferença. Sirius se sente tanto satisfeito quanto frustrado. A justiça foi feita, mas sua vingança não. Sirius imagina quem que teve este prazer. Não, ele pensa. Não é prazer, e sim... dever.

"Estou satisfeita." ela diz. "Estou satisfeita que você não o matou, mas..." Ela pára por um instante antes de continuar em um tom de voz muito mais baixo, quase que envergonhada. "Mas estou satisfeita que alguém tenha feito." Ela esconde o rosto com a mão, diante dessa confissão terrível, que com certeza a aflige completamente. "Remus sabe disso?" ela pergunta.

"Ainda não." ele responde.

"Como você acha que ele vai reagir?" Ela retira a mão do rosto para que possa olhar para ele.

Sirius suspira e balança o rosto enquanto também balança os ombros. Francamente, ele também não quer ver o rosto do Remus quando ele descobrir. Ele não sabe como que isso vai afetá-lo, mas sabe que vai afetá-lo muito. Ele não pode ver a reação do seu amigo sabendo muito bem que ele mesmo que poderia ter feito isso. "Naquelas horas todas que você cuidou dele, ele nunca mencionou o Bright?" ele pergunta.

"Sim, mas só em retrospecto amargurado, o que é compreensível."

Remus agiu bem similar com ele também, se referindo as cicatrizes no seu braço como uma 'Cortesia da irmandade dos pacíficos SCDDHB.' A resposta de um Maroto de verdade, sarcástica e dissimulada.

Ela suspira. "Eu gostaria de poder estar com ele quando ele descobrir." ela diz, desejosamente. Sirius ergue as sobrancelhas com este sentimento, que é o oposto completo do dele. Isso lhe dá uma idéia.

"Eu posso trazer ele aqui para você. Para você encontrar com ele na cozinha para almoçar." ele sugere, esperando que seu jeito casual esteja escondendo sua covardia.

Ela pára e se vira, olhando para ele. "Mesmo? Será que não seria melhor para ele se você-"

"Não." ele interrompe imediatamente. "Melhor você do que eu." ele fala, com sinceridade demais.

Ela ainda parece estar um pouco incerta.

"Ele vai gostar disso." ele diz, sem ter certeza que seja realmente verdade, mas parece fazer com que ela se sinta melhor, porque seu rosto suaviza.

"Obrigado por vir, Sirius. Eu estava saindo para encontrar uma coruja quando você me encontrou."

"Eu achei que estava." ele diz. Desta vez, quando eles se aproximam do arco de pedras, ela o leva por ele e para fora do jardim, retornando as portas do castelo. Sem dúvida, o café da manhã está terminando e ela vai ter que ir para a aula logo.

Ele esqueceu que estavam de mãos dadas até que ela aperte e solte, desaparecendo dentro do castelo. Ele fica parado na escada por um tempo. Ele percebe que está muito frio, quando olha refletivamente para os terrenos de Hogwarts. Uma pequena coluna de fumaça sai pela cabana do Hagrid. O lago, floresta, e Salgueiro estão todos enganosamente calmos.

"Como eu mesmo, talvez." Ele sussurra, para ninguém. Os pés dele o levam de volta aos jardins. Ele se senta em um dos bancos, preparado para esperar até o último momento para voltar para casa. Ele gasta bastante tempo observando a árvore daqui, tocando no seu tronco, acabada no clima do inverno. Sozinha no frio. "Como eu." ele repete.

X

Lily está esperando na cozinha, tendo afastado os elfos domésticos para que pudesse cozinhar. No momento que ela deixou o Sirius naquela manhã, ela foi para a cozinha para começar o almoço para o Remus. Ela não tem aula nessa tarde, então tem tempo para preparar a comida predileta dele. A batata cozida com vegetais está saindo muito bem. Ela coloca o nariz sobre o repolho cozido, nunca tendo gostado muito disso, mas Remus gosta e é isso que importa. Ela está mexendo o molho, quando ele finalmente entra, com uma aparência de preocupado.

"Algo de errado?" ele pergunta imediatamente.

Lily fica parada por um instante, piscando estupidamente para ele. Ele olha para ela de cima a abaixo, tentando ele mesmo discernir a resposta, mas não tem sucesso.

"Sirius me disse que você precisava falar comigo urgentemente. Algo deve ter acontecido."

Agora que ele está aqui, ela se esqueceu do discurso delicado que havia preparado.

"O que você acha desse molho?" ela pergunta, pegando uma colher de molho e se aproximando dele, segurando na frente da boca dele para ele experimentar. Ele a olha com desconfiança e se abaixa para experimentar o molho mesmo assim, sem quebrar contato visual.

"Está bom." ele responde.

"Que bom. Sente-se ali. Eu fiz o seu prato predileto." Ela ri nervosamente. "Eu nunca tive um assado de Domingo numa quarta-feira antes." Ela retira o cozido magicamente do forno e o coloca na mesa e enche o prato dele.

"Você fez isso tudo para mim?"

"Sim."

Ele suspira e olha para baixo. "Realmente devem ser más notícias." ele diz triste. "Vamos, conte-me. Termina logo com isso."

Lily morde os lábios. "É sobre Henry Bright."

Ele olha para ela intensamente, com o olhar indo e voltando do dela, como se ele estivesse lendo palavras em um livro.

"Ele está morto. Foi assassinado."

Ele perde a respiração em um segundo e fica sentado por um instante, antes de apoiar os cotovelos na mesa, segurando o cabelo com seus dedos pálidos e trêmulos. Se ele fosse um trouxa, Lily diria que ele está rezando.

Sem falar nada, ela se senta no chão ao lado da cadeira dele e apóia o rosto na coxa dele, envolvendo seu braço na perna dele, em um tipo de abraço.

"Eu achei que você fosse dizer que ele estava atrás de mim." ele diz, depois de bastante tempo. "Que eu coloquei o Sirius em perigo por me mudar para a casa dele." Ele xinga baixinho. Lily massageia a perna dele, confortante, do tornozelo até o joelho, e de volta. "Eu deveria ter pensado nisso antes. Eu nunca deveria ter colocado ele em risco como fiz. E se – e se ele -"

"Pare. Ninguém está sozinho nisso, Remus. Não insulte Sirius, ou James ou Peter, ou a mim mesma por nos impedir de estarmos presentes para você. Você sabe tão bem quanto eu, que se você tentasse deixar o Sirius, ele te faria ficar. Ele te acorrentaria ao sofá se fosse necessário."

"Parece que sim." ele sussurra, com um toque de divertimento penetrando na tristeza.

Ela espera vários segundos, até que ele absorva que o homem que tentou matá-lo está morto. Para que ele resolva qualquer sentimento que possa vir a ter em relação ao seu antigo colega de escola. Os segundos viram minutos, que passam a ser um tempo mais longo ainda. Lily fica desconfortavelmente ciente dos elfos domésticos circundando, sem dúvida esperando em antecipação a serem chamados para servir. Se Lily soubesse de algo que pudesse fazer para melhorar a situação, ela não hesitaria em chamar os elfos. Mas do jeito que é, ela só pode ficar sentada e esperar.

"Você deveria comer algo. Você deve ter aula logo." ele finalmente diz.

Ela não menciona que está livre após o almoço nas quartas, porque isso seria participar da tentativa fraca dele de tentar mudar o assunto. Enquanto parte dela quer fazer isso para ele, ela se lembra que o Sirius quer que ela faça isso. Ela quer fazer isso. Quer ajudá-lo a resolver isso. Ela se levanta e se senta do outro lado da mesa minúscula.

"Sabia," ela começa. "Mais cedo nesse ano, um garoto tentou me matar com uma maldição imperdoável e eu não pude nem mesmo conjurar qualquer simpatia, quando eu fiquei sabendo que ele recebeu o beijo em Azkaban." Ele não fala nada, então ela continua. Ou tenta, pelo menos. Este é um tópico que ela geralmente evita. "Por outro lado..." ela tenta de novo. "Quando meus pais foram assassinados, eu... Se eu soubesse quem fez aquilo, eu teria..." A voz dela falha, e sua garganta parece estar completamente apertada. É o fato que ela não sabia que isso a incomodava, e provavelmente nunca saberia. Ela respira fundo várias vezes e força o desconforto para longe. "Basta dizer que, se os assassinos deles fossem assassinados, eu ficaria furiosamente e ferozmente satisfeita." Mais silêncio. "Da mesma forma que eu estava ferozmente e furiosamente nesta manhã quando fiquei sabendo sobre o Henry Bright." Lentamente, ele tira as mãos dos olhos para encará-la com um olhar bem fixo. "Sim, eu estou feliz que ele se foi. E se você também estiver, isso é completamente compreensível. Ele tentou te matar. Você sentiu tanta dor por tanto tempo." Ela se lembra muito bem daqueles dias, de encontrá-lo na Casa dos Gritos, próximo da morte com envenenamento por prata, da época na Casa dos Gritos que os dois acharam que Henry Bright teria sucesso depois da lua cheia. As lembranças fazem seus olhos encherem de lágrimas.

"Remus." ela implora, esticando a mão por cima da mesa e segurando a mão dele. Ele não retira, mas também não devolve o aperto da mão. "Fala comigo." Então, ele continua, quase ferozmente, "Eu quero saber como que é."

Ele tira a mão dela. Ela fica magoada por um instante, antes de ver como que ele está fechando os punhos fortemente, e apenas pode ser grata por ele ter retirado a mão da dela antes.

X

"Ainda é irreal." ele diz, simplesmente. Ele pensou no Bright todos os dias, e se amaldiçoou por ser tão covarde, por ser mole demais para matar o homem por suas próprias mãos. Ele o humilhou, torturou, tentou assassiná-lo, e mesmo assim ele foi fraco demais para fazer qualquer coisa.

Não é real. Como que pode ser? Ele não estava lá, ele não viu, ele não tem nada substancial, exceto a palavra dela. Ele não pode se segurar nas palavras, não pode ver no som da voz dela. Ele sabe que ela não mentiria para ele, mas ele precisa de algo tangível.

Como se ela pudesse sentir isto, ela retira o Profeta do uniforme e passa para ele. Bem ali, na página seis, tem a foto do funeral. "Inglaterra Chora a Perda do Promotor da PAX. O maior advogado da segurança pública da Inglaterra foi assassinado, uma ironia cruel." Ele olha a foto, e vê vários rostos familiares. Muitos estiveram na escola com ele, no mesmo ano que ele. Até mesmo uma garota que ele teve uma queda por um tempo. Ela parece estar tão triste. Todos parecem. Todas essas pessoas foram chorar pelo Henry Bright.

E se a situação fosse reversa? Será que alguém teria ido chorar pelo lobisomem Remus Lupin?

Ele não tinha percebido que ela saiu do lugar até sentir os braços dela no seu peito, abraçando-o pelas costas.

Pelo menos quatro pessoas estariam no velório dele. Sirius, James, Peter e Lily.

Mas não é o enterro dele. Não desta vez.

Ele coloca o braço sobre o dela, em uma forma de reconhecer o gesto. Ele ainda não tem noção do que dizer. Ele está grato ao assassino desconhecido? Ele está aliviado? Com certeza está aliviado. Quem não estaria aliviado com a morte de alguém que te quer morto? Por que, então, este alívio é tão amargo? Por que ele quer rasgar o Profeta? Por que ele deseja que Bright não tivesse sido assassinado?

'Ordem de Merlin, terceira classe.' ele pensa, de forma malévola. Um mártir. Um maldito mártir, e essa é a forma que o mundo vai se lembrar dele. Nenhum julgamento, nada de Azkaban, nenhum reconhecimento público do que ele realmente era e de todos os crimes que cometeu. O assassino fez um favor para o Bright.

Ele empurra o jornal para longe. "Lily?" ele pergunta exitante. "Você acha que se o mundo soubesse a verdade do que ele fez comigo, eles teriam colocado ele na prisão? Ou teriam colocado ele como Ordem de Merlin, segunda classe?" Por que não recompensar o homem que sai matando lobisomens, vampiros e mestiços indiscriminadamente? É isso o que o mundo quer.

Lily suspira forte, com a respiração mexendo os cabelos dele quando passa por ele. "Eu acho que o sistema judiciário teria te desapontado..." ela fala triste.

"Mais uma vez." Ele bufa com um divertimento sombrio. Mas ele se sente melhor de alguma forma, sabendo que não teria sido melhor caso o Bright tivesse vivo. Também não haveria justiça. Mesmo com a Ordem de Merlin, talvez isso seja melhor. Que pensamento horrível e horripilante, que o assassinato de um homem nas ruas é melhor do que o sistema legal, que não existe esperança para a justiça, exceto se você fizer com as suas próprias mãos.

Tem muitas pessoas que ele não confiaria com essa mentalidade, incluindo ele mesmo. A lei deveria ser a justiça livre da paixão. Se eles forem forçados a fazer justiça com as próprias mãos, como que poderiam ter certeza que estão agindo corretamente e imparcialmente? Como eles podem ter certeza que suas ações são para um bem maior, em vez de vingança ou vendetas?

Ele não pode ter certeza.

.

.

São duas horas da tarde quando ele volta a Londres. Ele e Lily saíram da cozinha e ela achou ter ouvido os sons de alguém estar sendo importunado, então ela sai correndo, mas não antes de beijá-lo rapidamente na testa. Remus caminha pelos terrenos até Hogsmeade, pensando nas coisas. Ele sabe que Sirius saiu naquela manhã assim que leu o Profeta, foi para Hogwarts e mandou-o encontrar com a Lily de propósito, para ouvir as novidades. Ele não sabe se isso foi covardice ou consideração da parte do Sirius.

Ele sente o aperto e puxão da aparatação, e então a libertação de ter chegado ao seu destino. Ele espera por um instante para que a barreira o reconheça e o aceite, antes de entrar.

Sirius está sentado na poltrona em frente à lareira, bebendo chá e lendo Transfiguração Hoje. "Como foi o almoço?" ele pergunta, casualmente.

"Bom." ele responde, se jogando no sofá e pegando o livro que deixou ali na noite anterior. Nenhum dos dois comenta essa consideração delicada e o tratamento dos sentimentos dele, o que satisfaz os dois marotos. Nenhuma palavra é necessária.

X

James morde seu bife ferozmente. Ele está sentado na Mesa dos Professores, tentando descobrir um plano de como se aproximar do Flitwick, quando o Sirius entre todas as pessoas, entra no Salão Principal. Lily parece estar tão surpresa quanto ele em ver o Sirius, mas eles saem juntos de mãos dadas, ambos com expressões sérias. Bom, com certeza alguma coisa está acontecendo. Seu mau humor não melhora durante o almoço, quando ele decide pegar um sanduíche da na cozinha para voltar ao escritório para continuar a trabalhar, quando ele interrompe uma cena tão tocante. Desta vez não é o Sirius, e sim o Remus, sentado com a Lily em um adorável almoço para os dois, que aparentemente eles estão ignorando. A cabeça do Remus está abaixada, mas ele não está comendo. Só está sentado ali, com o outro cotovelo apoiado na mesa e apoiando a testa com sua mão livre. A outra mão está esticada na mesa, segurando a da Lily. James trinca o queixo.

"Você não pode pensar assim, Remus." ela diz, gentilmente. "É só propaganda."

"Bem, funciona. Mesmo tendo morrido, ele ainda venceu." ele comenta amargamente.

"Não. O vitorioso morreu. E você ainda está aqui."

"Você deve ser a única pessoa que me consideraria um prêmio. A não ser que eles queiram um bichinho."

Lily rola os olhos e suspira. "Por que você sempre faz isso? Você é um prêmio, Remus. Se as outras pessoas são preconceituosas demais para ver, não é culpa sua." Ela retira a mão e olha firme para ele. "Agora coma o seu cozido. Eu tive que lutar com os elfos domésticos pelo direito de fazer essa refeição para você."

Remus olha para baixo, para sua comida, com um sorriso triste e apreciativo, antes de olhar de volta para ela. "Obrigado." ele sussurra, antes de começar a comer.

James se retira silenciosamente, furioso com os dois. Na verdade com os três. Tem algo acontecendo com a Lily, Remus e Sirius, e ninguém parece querer deixá-lo a parte da situação.

Ele retira a bolsa furiosamente da capa e retira o espelho de dentro dela. Com a sua urgência, ele rasga acidentalmente um dos pequenos cervos de madeira do cordão. Cai no chão de pedras, mas ele não pega de volta. Ele vai fazer isso depois de falar o que tem que ser falado.

"Sirius!" ele chama, uma vez seguro dentro da passagem secreta mais próxima.

O rosto do amigo aparece embaçado no reflexo, com vapor em volta dele. "Eu estou fazendo a poção, cara. Seja rápido."

"Certo, então. Você sabe que eu sou um auror e bisbilhotar para descobrir as coisas é o que eu faço, mas já que tenho que ser rápido, talvez você possa me dizer o que está acontecendo."

Sirius fecha a cara, claramente a parte do que James está falando. "Deixe que a mulher explique." ele diz, sucintamente. "Fala para ela que eu disse que está tudo bem."

"Por que você não pode dizer? Agora?" Ele fala, impacientemente.

"Porque eu não tenho nem tempo e nem vontade." ele diz. James consegue ver que esse é um assunto que claramente é desconfortável para o Sirius.

"Almofadinhas, por favor? Eu só tenho alguns minutos até minha próxima aula."

"Eu não contei para o Aluado e não vou contar para você. Novamente, como eu fiz com o Remus, eu vou mandar você falar com a mulher."

"Bom, parece que a mulher e eu não estamos nos falando no momento, então eu vou tirar isso de você. Agora, se puder."

Sirius rola os olhos exageradamente e então os fecha novamente, suspirando pesado como se quisesse juntar paciência. "Henry Bright. O cara que nós judiamos quando crianças, o cara da SCDDHB que tentou matar o Aluado, foi assassinado há três dias. Eu mandei ele conversar com ela para ela contar a novidade. Isso é tudo."

"O quê? Mas-"

"Chega, Pontas. Eu me recuso a discutir isso. Deixe-me em paz. Resolva essa sua briguinha com a ruiva, se você quiser detalhes. Mas não perturbe o Remus com isso, e com certeza não enche o meu saco."

"Pelo menos me diz-"

"Ah!"

E a conexão é interrompida.

"Maldito." ele diz, baixinho. James não tem a mínima vontade de confrontar o Remus sobre isso, e também não vai poder conversar com a Lily por horas. Mesmo que ele tentasse no melhor dos dias, ele não tem garantia nenhuma de conseguir tirar qualquer coisa dela. De repente, ele se lembra em acordar naquela manhã, de ir à sala de estar e encontrar os planos de aula do resto da semana prontos. Feitos por ela. Para ele. Ele achou que isso fosse um tipo de oferta de paz. Embora não resolva o problema, o gesto não ficou perdido por ele.

Ele tem que perguntar para o Flitwick, muito sutilmente, sobre os detalhes da barreira e saber como funcionam precisamente. A possibilidade do Snape ser capaz de entrar no castelo o atribulam terrivelmente, e ele quer que essas perguntas sejam respondidas o mais rápido o possível. Mas não é só isso que ele tem que fazer o dia todo. Depois do Flitwick, ele vai caçar a Lily e eles vão ter que conversar, ela querendo ou não. Ele não se esqueceu da lista que fez no dia anterior de "Coisas para Lidar Depois".

Ensinar a ela como se defender fisicamente, ou pelo menos treinar a magia dela sem varinha para que ela possa se defender de um ataque físico.

Discutir os desenvolvimentos no projeto deles de retirar o mapa da Sala de Pesquisas do Ministério.

Dar uma lição sobre ela ter ido para a floresta sozinha... de novo.

Discussão séria sobre magia experimental.

Na opinião dele, o último ponto é o mais importante. Ele sabe que ela tem uma habilidade para fazer a magia trabalhar para ela das formas menos ortodoxas, mas experimentar é algo perigoso. Já que ela teve pais trouxas, ela nunca teve esta conversa particular. Já não é sem tempo que ela tenha essa conversa. James não faz idéia por que o Diretor não se sentou com ela para conversar no quarto ou quinto ano. Com certeza Dumbledore não pensou que só porque ela é nascida trouxa, que ela não ficaria tentada com magias mais obscuras. Sua sede de conhecimento é muito mais forte do que seu respeito pelas regras. James só pode agradecer a Merlin que ela seja uma Grifinória no coração. Com certeza ela possui algumas tendências Sonserinas de vez em quando, e ele treme em pensar no que ela teria se tornado caso tivesse sido sorteada diferentemente.

James vai agir como Sirius e culpar o Snape. Ele não consegue imaginar em um primeiro mentor mágico. Snape estava com os olhos nas Artes das Trevas antes mesmo de chegar à escola. As primeiras experiências mágicas dela, exceto por suas magias acidentais, foram dadas por um bruxo das trevas. Que influência horrível em uma criança.

Ele é tomado por uma onda repentina de orgulho enquanto pensa em como ela é uma maravilhosa Grifinória, levando tudo em consideração. Ela se importa com todos e por todos. Com certeza, isso realmente parece ter seus efeitos negativos de vez em quando, mas essa é uma qualidade que ele estima. Ele sabe que é esta capacidade que faz dela uma bruxa tão poderosa.

James sobe as escadas na passagem secreta, voltando para sua sala de aula, para preparar sua próxima aula, planejando encontrar com a Lily antes do jantar, tendo trazido algo da cozinha para eles comerem. Ele quer começar naquela lista em vez de perder tempo no Salão Principal.

Depois que as aulas daquela tarde terminam, ele procura imediatamente Filius Flitwick, correndo até a sala de aula do pequeno bruxo antes que ele desapareça para algum lugar antes do jantar. Os alunos do sexto ano estão saindo da sala de aula quando ele chega. James aguarda se apoiando na parede de pedras oposta com os braços cruzados, até que todos os alunos tenham saído. Várias garotas coram ao vê-lo ali parado e ele dá o seu sorriso agradável. O último a sair pela porta é o próprio professor, com uma intenção clara de ir embora.

"Professor," James o cumprimenta, chamando atenção do pequeno bruxo a presença dele. "Eu gostaria de saber se poderíamos conversar um pouco."

Flitwick afina os lábios, olhando com vontade para o final do corredor.

"Sobre as barreiras que protegem Hogwarts." James continua. "É bem importante, senhor."

Isso é o suficiente. "Oh! Sim, com certeza, meu garoto. Com certeza. Entre."

James entra, trancando a porta e colocando feitiços de silêncio.

Ele tenta por alguns minutos infrutíferos levar a conversa para o rumo que quer, para que Flitwick responda as perguntas que ele tem, sem que ele tenha que perguntar, mas o professor de Feitiços interpreta errado as perguntas dele sobre o relacionamento da barreira com o bruxo que a fez.

"Eu entendo o seu desconforto, jovem Potter, mas eu posso te garantir que tanto a Srta. Evans como a barreira em si não estão correndo nenhum perigo." o pequeno bruxo tenta assegurar, dando um sorriso bondoso, que James acha bem irritante.

"Não é isso que está me preocupando."

"Ah, não?"

"Não." James responde com firmeza. "Deixe-me explicar de outro jeito. Será que um aluno que também é um Comensal da Morte seria capaz de entrar e sair sem ser detectado?"

As expressões do Flitwick ficam mais sombrias e ele não fala nada por um bom tempo. "Eu acho, Sr. Potter, que eles poderiam passar pela barreira sem serem detectados, caso não desejassem fazer mal. Por exemplo, se um jovem Comensal da Morte simplesmente quer assistir sua aula."

"E se eles desejarem fazer mal?"

"A barreira ativaria."

"Mesmo se fosse um aluno?"

"Mesmo se fosse um aluno."

"Mesmo se ela não considerasse a pessoa como um perigo? Se ela confiasse nesse aluno, a barreira ainda seria capaz de distinguir um inimigo?"

"Sim, Sr. Potter, da mesma forma. Não tem quase nada a ver com os sentimentos dela, e tudo a ver com as intenções do bruxo ou bruxa que estão tentando entrar. Se a intenção deles ao entrar for fazer mal a alguém que estiver dentro da barreira, então ela será ativada e a Srta. Evans será notificada."

"O Diretor também será notificado, já que ele também está ligado ao castelo?"

Flitwick balança o rosto. "Embora o castelo seja a âncora que ela utilizou, e o Diretor possa sentir que ela exista, ele não pode sentira a atividade da barreira."

"E quanto..." James pára, não gostando da pergunta, mas forçado a dar voz a ela mesmo assim. "Você disse que a barreira tem pouco a ver com quem a faz?"

"Exceto pela força da barreira, mas eu posso te garantir que-"

James coloca essa opção de lado. "E se, hipoteticamente-" ele começa, embora não tem nada de hipotético nisso. "Eu quero dizer, será que os sentimentos do bruxo que fez a barreira têm a ver com a eficácia dela?"

"O que você quer dizer, Potter?" Flitwick pergunta. Se James não soubesse bem, ele diria que o bruxo não está sendo cooperativo de propósito. Ele engole um resmungo.

"O que eu quero saber, Filius, é se tem algum jeito, qualquer jeito, de um Bruxo das Trevas com intenções sombrias passar sem ser detectado por causa do bruxo que fez a barreira."

Por um segundo, os dois bruxos encaram um ao outro, com James desejando que Flitwick entenda. Por um momento horrível, James acha que ele entendeu bem demais. Flitwick olha por cima dos óculos dele da mesma forma que Albus Dumbledore olharia.

"Isso pode ser mais fácil, Sr. Potter, se eu jurar manter segredo e você simplesmente me fizer a pergunta diretamente." ele diz, sério.

James considera isso por um momento, mas no fim decide que nada vale a pena colocar a escola em risco, nem mesmo a reputação dele e ou da Lily.

"Eu aceito o seu juramento, senhor."

Flitwick jura não repetir de nenhuma forma a discussão, antes que um tom dourado começa a brilhar dele, girando entre os dois bruxos antes de desaparecer.

Depois que ele sente o juramento, James diz, "Se um Comensal da Morte amasse Lily Evans e jamais fizesse mal a ela, mas mesmo assim fosse um bruxo perigoso, isso lhe daria qualquer vantagem em relação à barreira feita por ela?"

"Ele tem algum motivo para saber que Lily Evans que fez a barreira da escola?" Flitwick pergunta duramente, nunca tirando os olhos do James.

"Não." ele diz. Então, decidindo que pode responder a pergunta que Flitwick está fazendo de verdade, continua. "Eles não se comunicam. Não é um amor ativo. Só... é residual de um passado distante. Infelizmente, parece persistir."

Flitwick o estuda por um bom tempo, o deixando desconfortável. "Então?" James pergunta impaciente.

"O amor complica as coisas, Sr. Potter."

"Não é sempre assim?" ele sussurra amargamente baixinho, sem ter certeza que o Professor de Feitiços não pôde ouvir.

"Você acha que é recíproco?" O tom de voz do homem é completamente clínico, nada exceto profissional, mas ainda faz o James fechar a cara. Com os dentes trincados, ele resmunga a resposta. "Eu acredito que sim, Professor." Oh, como dói falar isso. Ele se lembra de uma noite, a várias semanas atrás. Eles estavam na cama e estava furiosa por não ser capaz de odiá-lo. Isso, James até se permite a entender. Não odiar alguém e ainda amar alguém são duas coisas muito diferentes.

"E esta outra parte, vamos dizer, tem más intenções?"

"Ele é um maldito Comensal da Morte!... senhor." O temperamento dele está arruinando seus modos. Por sorte, Filius parece entender como que essa situação é estressante e a grosseria é descartada.

"Sim, com certeza. Mas... é..." Agora é a vez do Flitwick de ficar desconfortável. "Você tem certeza que é amor?" James olha para ele curiosamente. Flitwick continua. "Se for um amor genuíno, nós podemos ter que discutir alguma coisa, mas ser for só... uma coisa carnal-"

"Não!" James grita, com nojo. "Ela jamais faria isso!"

O pequeno bruxo pula para trás, espantado por esta explosão repentina e veemente. Ajeitando os óculos, Flitwick pigarreia e fala mais uma vez. "Eu só estou tentando descobrir a verdade, Sr. Potter, eu não estou acusando ninguém de nada."

"Bom, nunca foi desse jeito. Jamais." Ele é o único homem que já teve a Lily. Ele sabe disso de fato.

"Como eu estava dizendo, uma atração, Potter. Talvez os motivos do homem não sejam ligados a amor. Talvez ele tenha outros objetivos mais simples em mente."

"De jeito nenhum." James resmunga. "Eu deveria ter matado ele quando tive a chance." ele reclama sozinho. Mas não, ele sabe que não é verdade. Suspirando, ele admite desamparadamente, "Ele salvou a vida dela, Professor. Arriscou a vida dele e mesmo assim ela não tem uma dívida de vida com ele."

"Ah." O pequeno homem balança o rosto concordando, aceitando isso como uma prova verdadeira. Não estar em dívida com alguém significa que fizeram por amor.

Flitwick dá um olhar penetrante no James, o estudando como se estivesse o enxergando com uma nova luz.

Ele sabe. James foi expressivo demais nas suas opiniões sobre a Lily e Snape. Ele espera que o pequeno bruxo faça alguma acusação, que o confronte sobre isso, mas ele não faz nada. Percebendo que o silêncio é mais perigoso, ele diz, "E ela não está ligada a mim. E nem eu a ela." Mas pensando que ainda tem como sair disso, mesmo que ele confesse, ele diz. "Eu a amo."

Ele não queria falar isso diretamente, mas Filius fez um juramento de silêncio, de não revelar o que James contasse para ele. Isso não inclui qualquer suposição que o professor possa tirar pelo comportamento dele. A única forma que ele pode garantir que o outro bruxo não comente nada sobre suas suspeitas, é confirmá-las em voz alta, caindo desta forma no juramento e ele não seria capaz de contar para ninguém.

"Dumbledore sabe." ele continua, sentindo a vontade de comentar isso, como se isso justificasse o relacionamento dele com a Lily. "Minerva e meu chefe, Alastor Moody, também sabem."

Isso parece suavizar um pouco o rosto do pequeno homem, que estava parado em uma expressão rígida ilegível. Agora parece estar mais pensativo. James se sente um garoto de novo, parado no escritório do Professor para ver se consegue se livrar de sua última travessura ou se vai ser punido por ela.

"Você tem razão em estar preocupado, Sr. Potter. Entretanto, eu acho que seria melhor se você discutisse isso com a própria Srta. Evans. Nós vamos ter que ir nos terrenos para rever a construção da barreira."

James concorda, e pega sua varinha resignado. Ele manda o patrono para chamá-la e espera por ela. Ele começa a bater o pé, tentando pensar no que ele vai falar para ela para explicar esta situação. Por que ele revelou tudo. Se for lidado indelicadamente, esse desenvolvimento pode significar que ele vai dormir sozinho por um bom tempo.

"Nervoso, Potter?"

James pára de se mexer imediatamente e tira proveito do juramento de silêncio, e confessa, "Nós tivemos uma pequena briga por causa disso ontem à noite."

"Todos nós vimos, Potter." Flitwick comenta, quase que divertido. Quase. Ele ainda consegue detectar a desaprovação. Bem, ele não poderia esperar que fosse diferente.

James resmunga, se lembrando da cena horrível. Ele não pensou nenhuma vez nas testemunhas, pois estava muito focalizado na discussão. "Que bagunça." ele respira. Eles nem mesmo discutiram sobre isso. Eram três da manhã, foi um dia cansativo e os dois estavam cansados e irritados. Ele nem mesmo deu uma chance para ela explicar qualquer coisa, só disse para ela parar e saiu de perto dela. James bagunça o cabelo, agitado. "Merlin, eu sou um imbecil."

Filius não comenta nada. Ele é um Mestre de Feitiços, não um conselheiro de relacionamentos. Depois de vinte minutos esperando e ainda nada da Lily, ele manda outro patrono. Por mais arriscado que seja, caso ela tenha uma companhia diferente do Rupert, ele manda a mensagem, 'Você pode me ignorar depois, mas isso é importante. Professor Flitwick e eu estamos esperando.' Ele espera que a menção do nome de outro professor vai apressá-la. Ela pode ser rude com ele, mas ela não deixaria seu precioso Professor de Feitiços esperando.

"Talvez nós devêssemos nos precaver e mudar a barreira para você, Professor." James sugere.

Flitwick balança o rosto. "Eu estou velho, meu garoto. Ela é jovem e saudável e mulher."

"Isso realmente faz muita diferença?"

"Com certeza, Potter. Bruxas são mais sensíveis ao sentimento. Elas são mais agudas, mais cientes. Para uma barreira como esta, esses sentimentos e intenções são uma parte vital. Seria infinitamente melhor ter uma bruxa jovem e sensível do que um bruxo velho como eu. Ela te contou como é a sensação de manter essa barreira?"

"Sim, senhor." James treme mais uma vez com a imagem mental de formigas caminhando dentro dele.

"Precisamente. Um bruxo regular não sentiria nada. Uma bruxa geralmente sentiria uma cócega a princípio, mas com o tempo vai passar, provavelmente uma hora depois de feito. O fato que ela sente cócegas constantes significa que ela tem muita sintonia com o castelo. Ela vai sentir qualquer inimigo muito mais rápido e acurado do que a maioria."

James concorda, entendendo. Isso faz sentido. Ele também prefere que seja a Lily, se for provado que o Snape não é um problema. Ele passa muito mais tempo perto da Lily do que do Filius Flitwick, e gostaria de ser o primeiro a saber se as barreiras forem ultrapassadas. Bem, o segundo a saber, já que a primeira pessoa é aquela que fez a barreira.

Passam mais trinta minutos sem a presença dela ou até mesmo um patrono de resposta. Como é vergonhoso Filius ver que a bruxa dele age desse jeito, e também é igualmente vergonhoso que um aluno desobedeça um professor. São detalhes como esse que deixam James desconfortável.

"Poppy!"

Em um instante a elfa aparece. "Sim, mestre Potter?"

"Você pode encontrar a Lily e falar para ela vir para cá imediatamente, por favor?"

"Sim, senhor." A elfa faz reverência e desaparece com um CRACK.

Nem mesmo um minuto se passa e ela retorna, com os olhos arregalados em terror. "Nada, senhor! Eu não acho nada!"

"O que você quer dizer, nada?" ele pergunta, ou melhor grita. Ele sente o pânico começar a aparecer dentro dele.

"Eu tento aparecer do lado dela, com o senhor disse, senhor, mas não acho nada. Nada da senhorita, só escuridão e silêncio. Nada além de nada." A elfa está chorando abertamente agora, e lágrimas massivas saem dos seus olhos massivos e escorrem pelo seu rosto, caindo no uniforme dela e então no chão. O estômago do James mergulha e ele sente sua garganta e coração apertarem dolorosamente. Medo. Medo e temor frio.

Não. Ele se recusa. Isso não é possível. Não pode ser possível. Tem que haver uma explicação. Não tem como ela estar...

"Morta! Se foi!" A elfa doméstica diz, ainda chorando inconsolavelmente.

James balança o rosto. "Não." ele diz baixinho. Ele olha para cima de novo para se ver cara a cara com a Poppy. Ele deve ter se ajoelhado em algum momento. A mente dele é uma névoa de descrença. Ela não está. Ela simplesmente não está. Nada não quer dizer que ela se foi. Talvez a magia da elfa não esteja funcionando direito, talvez a Lily esteja em algum lugar que não possa ser localizado. Bem, os elfos podem aparatar para locais que não podem ser detectados, mas ainda existem esperanças. Tem que existir.

"Poppy."

"Se foi, se foi, se foi..." ela geme, balançando para frente e para trás, com o rosto escondido nas mãos.

"Poppy!" Ele grita. A elfa olha para ele, com os olhos afogando nas lágrimas. "Eu quero que você aparate para a minha mãe."

"Mas senhor, Senhora Potter está..."

"Morta, eu sei." Sua garganta fecha. "Vai para o lado dela e volte para mim."

A elfa desaparece novamente. Parece que os próximos cinco segundos se arrastam sem fim, mas a elfa retorna.

"Então?" O corpo dele todo está tremendo.

"Eu chego no túmulo dos Potter, senhor."

"Não vai para a escuridão?"

Ela balança o rosto. James se levanta rapidamente. "Então ela ainda pode estar viva. Em algum lugar."

"Lugar nenhum!" a elfa proclama, balançando o rosto.

"Poppy!" ele rosna. "Se você não começar a agir sensivelmente, eu vou dar roupas para você, entendido?" ele diz, furiosamente.

A elfa para de chorar na mesma embora, embora o desespero ainda seja visível no rosto dela. Tentando abafar as lágrimas corajosamente, a elfa balança o rosto rapidamente, indicando que entendeu.

Ele se vira para o Flitwick, somente então lembrando que ele está aqui. "Me ajuda." ele implora.

X

A última coisa que Lily se lembra é sair da cozinha com o Remus, quando ela ouve o som de alguém causando problemas no andar de baixo. "Oh não, Remus. O dever me chama." Ela lhe dá um beijo de adeus e sai correndo na direção das masmorras. "Tchau, Lily." ela ouve a voz dele atrás dela. Depois disso... nada.

Quando ela volta a si, ela está deitada de costas com uma dor nova na cabeça. Ela deve ter batido com a cabeça no chão. Esta é a segunda vez em pouco tempo que ela bateu com a cabeça, mas não pode fazer disso um hábito. Gemendo, ela se senta e abre os olhos.

Pelo menos ela acha que abriu os olhos. Mas mesmo assim tudo está completamente escuro e silencioso. Ela congela, virando o rosto em todas as direções, tentando descobrir aonde está, mas não tem sucesso. Seu coração bate com o dobro da velocidade normal.

"Oi?" ela chama. Ela percebe que esse silêncio profundo não é devido apenas a falta de luz, mas também a ausência completa de som. Ela mexe no uniforme, procurando sua varinha. Não consegue encontrar. As mãos dela encontram o chão frio, de pedras, e a camada que sente sugere que também está sujo. Então ela ainda está no castelo? Mas ela não consegue ouvir e nem ver nada. Mas ela consegue sentir. Sentir e cheirar. Ela não tem certeza que esta última sensação é bem vinda. Ela consegue perceber que este é um lugar úmido e frio, então ela imagina que o cenário mais possível é uma das masmorras de Hogwarts.

"Oi!" ela grita novamente. E não sai nenhum som novamente. Ela tenta mais uma vez, gritando o mais alto possível. Ela grita por minutos, sentindo suas cordas vocais quase rompendo com o esforço. Ela tem certeza que está fazendo som. Quando ela coloca a mão na garganta ela consegue sentí-la vibrar.

Ela sente o próprio rosto com as mãos e coloca os dedos nos olhos. Ela coloca a ponta do dedo com cuidado e sente umidade ali também, o que significa que eles estão abertos.

Temor toma conta do seu coração. Ela está completamente cega e totalmente muda. Ela já leu sobre este tipo de maldição. São ilegais. E irreversíveis...

Ela quer chorar. Estar cega e surda para sempre significa que ela nunca mais vai ver o James, ou ouvir a voz dele. Ela ainda vai ser capaz de sentir o toque dele, mas como eles vão se comunicar? Como ela vai conversar com os amigos? Ela nunca vai ver o rosto dos filhos dela. Como que ela vai aprender algo novo se não poder ler ou ouvir nada? Essa escuridão vai ser tudo que ela vai conhecer, enquanto viver.

A única coisa que a impede de cair em lágrimas é o pensamento que, só porque ela não pode ver nem ouvir ninguém, não quer dizer que não tenha ninguém aqui. E se a pessoa que fez isso com ela ainda estiver aqui, observando ela sentir o próprio rosto e o chão? E se essa pessoa estiver perto, entretido porque ela não pode fazer nada, exceto apalpar seus arredores? Ela pode imaginar essa pessoa rindo, dizendo coisas horríveis, sabendo que ela não pode ouvir. E ela vai ter que ficar sentada aqui como uma tola e não fazer nada.

"Bate em mim!" ela fala alto, não que seja capaz de ouvir. Ela vai provocá-los a atacar, já que esta é a melhor forma de saber que eles estão aqui. E então ela pode começar a implorar. Sim, implorar. Ela tem que pensar mais do que em si própria, e ela vai fazer qualquer coisa para ser libertada. Mas ela não tem muita esperança. Se eles tiraram sua habilidade de comunicação, eles não estão interessados em informações. Só em humilhação... na melhor das hipóteses.

Ela consegue sentir seu coração batendo rapidamente no peito, consegue sentir seu peito subir e descer rapidamente, como se tivesse corrido uma longa distância. "Eu sei que você está aqui." ela diz, sem saber se realmente tem alguém aqui. "Então faça o seu melhor ataque! Não é como se eu pudesse me defender, seu covarde maldito!"

Ela espera uma maldição dolorosa a atingir, mas não acontece nada. Ela não consegue sentir nenhum movimento, e se sente como se estivesse realmente sozinha. Talvez ela ainda esteja deitada no mesmo corredor das masmorras no qual ela se lembra estar, e todos ainda estão em aula. Talvez se ela continuar a gritar alguém eventualmente vai ouvir seus gritos. Os alunos da Lufa-lufa e da Sonserina moram por perto. Eventualmente, alguém tem que ouví-la ou vê-la.

Mas ela não vai esperar. Ela se levanta cambaleando e estica o braço na sua frente, dando uns passos exitantes para a frente. Ela tropeça em nada algumas vezes, antes das mãos dela entrarem em contato com uma parede suja. Ela sorri fracamente com essa vitória insignificante porém enorme, e segue a parede lentamente. Se ela está no corredor das masmorras, ela vai alcançar as escadas que vão levá-la ao térreo, ou ela vai chegar ao retrato que fica no final do corredor, e nesse caso ela simplesmente vai virar para o lado oposto. De qualquer forma, vai fazer com que ela chegue na Ala Hospitalar. Ela sente que consegue sentir o caminho até lá.

Encorajada pelo plano, ela se move um pouco mais rápido, mas pára abruptamente quando a mão dela toca algo estranho. Metal. Balança e move quando ela toca. Está um pouco escorregadio, mas ela continua a tocar, sem ser capaz de lembrar qualquer coisa que lembraria isso pelo toque neste corredor. É um laço conectado, ela sente, a outro laço. Correntes. Tudo parece criar vida de repente. Uma algema que ela não tinha sentido ainda, está presa não mão dela e não no pulso. Ela puxa a mão com tanta força, que consegue sentir a algema arrancando a pele da palma dela. Perdendo o equilíbrio, ela cai no chão de bunda e começa a engatinhar para trás, para se livrar. Ela não sabe que tem mais correntes enrolando para prendê-la até que ela as sente prendendo seus dois tornozelos, levando-a de volta para a parede da qual ela se afastou tão apressadamente. Logo, mais algemas encontram os punhos dela. Em pânico, ela lança um feitiço na corrente que estava apertando seu braço direito, sem não consegue ter certeza de qual feitiço que está utilizando, mas sente um calor repentino e uma liberdade repentina, enquanto sua mão sai da parede. Depois de libertar o seu outro braço, ela tenta libertar suas pernas. Talvez ela deva culpar o pânico, ou talvez o fato de não conseguir ver aonde ela deseja tacar fogo, mas ela precisa de várias tentativas para queimar as corretes para longe de seus tornozelos. É um milagre que ela não queimou seu próprio pé nesta pressa frenética.

Depois de libertada, ela cambaleia para trás, para longe da parede e das correntes amaldiçoadas, mas pára quando pensa que ir muito para longe pode deixá-la em contato com outra parede e mais correntes malévolas.

Ela está definitivamente trancada em alguma masmorra que não é mais utilizada, que com certeza tem um feitiço do silêncio em volta dela. Ela foi deixada aqui para ser esquecida completamente. Desta vez, ela realmente desiste. Ela está cega e surda. Mesmo que alguém consiga encontrá-la por algum milagre, ela não vai ser mais nada de hoje em diante, exceto um peso. Ela não pode mais ajudar ninguém, ela não tem uso nenhum, ela não é capaz de lutar. E pensar que este é o melhor cenário possível. O pior cenário é que ela morra de fome antes que alguém a encontre, como aconteceu com o Findart. Considerando que alguém a encontre. Pela segunda vez em poucos dias, Lily contempla a possibilidade de morre sozinha e nunca mais ser encontrada.

Ela se curva em uma bola apertando seu estômago, chorando silenciosamente até dormir.

X

O fato que a elfa pode aparecer ao lado dos mortos não passa desapercebido. Ele sabe que o fato da Poppy não encontrar nada só prova que, aonde quer que a Lily esteja, viva ou morta, é um lugar que ninguém conhece. Flitwick saiu para inspecionar as barreiras. Se ainda estiverem de pé, ela ainda está viva. Mas se não estiverem...

Por que, por que, por que ele foi nervoso com ela na noite passada? Quem se importa com o Snape? O que importa de verdade? O peito dele aperta, junto com sua garganta. E se a última coisa que ele tiver dito para ela foi o grito furioso dele para ela parar? Ele jamais se perdoaria. Pelo meno, ela viu tanto o Sirius quanto o Remus hoje. Esperançosamente eles mostraram algum afeto para ela, diferentemente dele próprio. Se Remus foi o último a vê-la, ele espera que ele a tenha abraçado apertado antes de partirem, para o bem dela. James vai ficar com um débito eterno com o lobisomem por mostrar pelo menos um pouco de amor e apreciação com a Lily no final. Algo que ele não deu.

Mas se ela viver, ah se ela viver, ele nunca mais vai fazer isso de novo. Ele vai falar que a ama toda vez que se partirem, aconteça o que acontecer. 'Por favor, por favor, por favor...'

Ele chega no escritório do Dumbledore sem fôlego por ter corrido o caminho todo até aqui. O Diretor não está aqui. Ele olha para o relógio e xinga. É hora do jantar. Ele vai estar jantando no Salão Principal. James sai correndo o mais rápido que pode pelo corredor, para dentro da passagem secreta que eh um escorredor até as masmorras. É mais rápido subir um lance de escada do que descer sete lances a uma velocidade perigosa. É capaz dele tropeçar e se matar na pressa.

Ele entra correndo do Salão Principal e se dirige imediatamente até aonde Dumbledore está sentado, ignorando todos os comentários curiosos que zunem ao lado dele enquanto ele corre. Ele olha rapidamente para um aluno, e é Rupert Ferris, que se levanta no mesmo instante para seguí-lo.

"Professor." ele diz sem fôlego. Algo na expressão do Diretor faz com que seu coração acelere mais ainda, como se ele já soubesse de algo. "Aconteceu alguma coisa com a Lily."

"Eu sei." o homem diz com tristeza. "A barreira dela caiu a um minuto." James o encara. Ela estava viva há um minuto. O diretor parece ler a mente dele. "Só porque a barreira caiu não quer dizer que ela ainda não esteja viva, só incapaz de mantê-la."

O que significa que, de qualquer forma, a situação dela está piorando.

"Aonde ela está?" Dumbledore pergunta.

"Eu não sei." Ele conta tudo rapidamente. A visita dele ao Flitwick, da Lily não aparecendo, e o que a elfa doméstica disse.

"Como que uma garota consegue se meter em tantos problemas?" alguém do final da mesa pergunta. Tanto James como Rupert se viram para olhar de cara feia para quem falou. Aparentemente, foi a Vector.

"Você que é a especialista em Aritmancia, você que descubra o porquê!" ele cospe. Ele volta a olhara para o Diretor. "O que vamos fazer?"

"Quando eu perco alguma coisa e desejo encontrar, geralmente a primeira coisa que faço... é procurar."


AN: E então, curiosos? :)

Por favor, não esqueçam de deixar um review... A próxima parte já tem a metade pronta!