Senhora Fada
"Às vezes vale à pena viver por aquilo que você morreria, por que quando não se ama demais, não se ama o bastante."
Inspirado em Fairy Tale da banda Shaman.
Disclaimer: Não, não é meu. Mas não conte para ninguém, ok? Kishimoto-sensei pode vir atrás de mim para pegar de volta.
"Se você está triste porque perdeu seu amor, lembre-se daquele que nunca teve um amor para perder."
"Às vezes vale a pena viver por aquilo que você morreria."
(Autores Desconhecidos)
Senhora Fada, Prólogo.
Senhora fada que espera no muro
A vida é curta e a espera é longa
As estrelas, lá no alto, desaparecem com o amanhecer
Senhora fada que espera no muro
Olhou para o alto, admirando a dança proveniente d'aurora. Era o momento em que o dia e a noite finalmente se mesclavam. À sua esquerda algumas estrelas pulsavam, tentando vencer o astro-rei. À sua direita, os raios solares bailavam nas nuvens, tingindo-as em um degrade de rosa-púrpura e azul-anil.
Ela gostava do céu, tinha o costume de observar as estrelas desde muito pequena. Eram pequenos e delicados pontinhos brancos clareando algo tão imenso como o que lhes externava. Ao crescer criou uma nova ideologia através deste hobby, de que nem a mais sombria das coisas era capaz de ausentar-se totalmente de luz. Ao conhecê-lo, bom, o céu negro eram seus olhos, e as estrelas, eram os brilhos dos mesmos que ele lhe direcionava.
Mas nada a encantava mais do que a aurora. Nem o crepúsculo tinha tanto esplendor. Talvez porque o amanhecer era presenciado por poucos corajosos que se atreviam a varar a madrugada em busca de tal espetáculo enquanto o crepúsculo era tão presente que aprenderam a lhe deixar passar despercebido.
E como os anos são capazes de deixar uma pessoa mais sábia tal qual os livros, sua perspectiva de aurora também moldou-se com o tempo e sua vida. Eram opostos, proibidos, distantes por forças onipresentes, contudo amavam-se tanto que nem isso lhes impediam de se encontrarem, tocarem-se... E este sentimento era recompensado com um espetáculo de cores.
Quanto aos eclipses... Oh, Deus! Estes eram os mais íntimos dos encontros, e lembrar-se deles faziam-na se lembrar dos livros que lia escondida do pai, enfiada por debaixo das cobertas com uma lamparina. Eram quentes, e despertavam sensações que até tê-lo, jamais pudera identificar ou sequer nomear.
Suspirou, sentindo-se tola por devanear em lembranças dolorosas, causando ao próprio coração o aperto característico da ausência. Permitiu-se vislumbrar uma vez mais aquele silencioso espetáculo, como se pudesse ignorá-las, como se as fizesse pequenas diante da superior beleza daquela cena.
Deveras, eram coisas que lhe encantavam e se concatenavam duma maneira que só ela poderia correlacionar. E mesmo que estivesse encarando uma das coisas que mais gostava, não conseguia ser capaz de sentir-se em paz ou feliz, porque tudo que conseguia sentir era saudades. Dele, apenas dele, e sempre dele.
Deitada no chão, passava e repassava todas as lembranças que tinha nítidas na memória pela milionésima vez. Não fazia mais sentido sofrer de tal maneira, mas já o fizera tantas vezes que simplesmente entrara no modo automático. E, apesar do orvalho da manhã deixar sua pele úmida e fria, os rastros de lágrimas ainda eram visíveis nas bochechas alvas. Porque ele ainda não havia voltado, mesmo que o esperasse fielmente, ele não havia voltado. E ela não tinha dormido, novamente. Costumava passar a maioria das noites na relva molhada, encarando os céus em busca de alguma resposta, em busca de resquícios dos olhos do amado.
E novamente flagrava-se naquele doloroso comparativo entre a beleza natural inigualável e as características mais ínfimas dele.
Talvez tivesse tendência ao masoquismo. Era uma possibilidade, já que não conseguia ausentar-se das lembranças e deixar de esperar ansiosamente dia após dia, mesmo sabendo que isso a envenenava aos poucos.
Alguns poetas, a morena ponderou, diziam que a saudade era mais uma das inúmeras provas de amor. Mas para ela não era nada disso, a saudade era um veneno, uma lenta asfixia que fazia o favor de engolfar todo o mundo ao seu redor, fazendo com que tudo que olhasse lembrassem-na dele. Sabia, de maneira desesperadora, que a saudade seria capaz de definhá-la, levando-a a deixar de se importar consigo mesma e viver de maneira apática.
Valia ressaltar que era um veneno sem cura, porque todas as suas vítimas estavam cientes da doença, e mesmo assim não conseguiam livrar-se dela. Ou talvez não quisessem, porque de todo modo, mesmo que fosse uma doença, era uma doença de amor. E de amor você morre por vontade própria.
Tentando esquecer-se das divagações, olhou novamente para o céu, por certo dentro de poucos minutos a cidade começaria a acordar. Tinha que voltar rápido para casa, antes que sentissem sua ausência e acabasse por ser trancafiada no quarto pelo pai severo.
Afinal, fugia todas as noites. E voltava apenas ao amanhecer para a segurança do lar. No começo era furtivo, às escondidas de tudo e todos. Contudo, essas suas fugas noturnas foram sendo descobertas com o decorrer das luas. Sorte sua de que os cientes eram os servos mais apegados à moça e acobertavam-na sempre que podiam.
Nem mesmo Kurenai, sua babá durante a infância, camareira e mãe substituta nas horas vagas, atrevia-se a criticar. Para falar a verdade, ela nem ao menos mencionava tais flagras, como se os mesmos jamais tivessem acontecido. Apenas respeitava sua dor, compadecendo-se dos sentimentos conflituosos que enfrentava.
Acostumara-se a encontrá-la recostada no batente da porta, observando-a entrar pela janela do quarto e trocar as roupas um pouco sujas de terra e mato. Quando a jovem terminava, a mulher, ainda enrolada no robe, pegava a roupa usada e desaparecia no corredor.
Esperou até que a última estrela perdesse sua luta contra o sol e desaparecesse para voltar na noite seguinte. Levantou-se e começou a bater com as mãos delicadas na saia do longo vestido que usava, tirando toda a grama que ficara grudada. Suspirou melancolicamente pelo que estava por vir. Era hora de ir para casa e fingir que nada lhe afligia.
Continua...
Era para ser uma one-shot, juro que era, mas não resisti. Teria de ser muito sucinta nos detalhes e nos acontecimentos para não ficar longa demais, e achei que seria uma afronta diante de todo o esplendor da época. Para quem ainda não se situou no tempo e no espaço, é Universo Alternativo sim e estamos em meados do século XVIII.
Minha primeira long com este casal, apenas havia me arriscado uma única vez com ele na one-shot Curioso, que alguns de vocês devem conhecer. Anteriormente escrevia apenas SasuSaku, e sim, continuo escrevendo este casal, por que orgulho-me de ser uma pessoa totalmente livre de preconceitos por causa disso. \o/
Betada pela FranHyuuga (oi amor! *-*), essa história não será muito longa não. Talvez nove ou dez capítulos, no máximo e contando com este. Todos curtos, mas certamente maiores que esse aqui, já que ele é apenas uma introdução ao que está por vir.
Ah, uma pequena nota para me desculpar pelo "cap. 2", é que eu fui fazer o replace, já que mudei a sinopse, e acabei sem querer adicionando um novo capítulo. Mudanças feitas, sorry!
Tenho planos malignos para essa história, então se quiserem que eu atualize rápido estimulem-me com reviews! Afinal:
Reviews movem montanhas, ou melhor, capítulos.
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Beeijos! :P